A hipertensão Arterial na Comunidade

A hipertensão Arterial na Comunidade

Resumo da tese apresentada pelo Prof. Doutor Evangelista Rocha

A Hipertensão Arterial na Comunidade
Estudo observacional e experimental de epidemiologia clínica.
Evangelista Rocha

Introdução – Razões de estudo
A hipertensão arterial (HTA) no nosso país, como noutras populações, pela sua elevada prevalência e gravidade, em particular como importante fator de risco modificável dos acidentes vasculares cerebrais, causa principal da mortalidade em Portugal, e pelas dificuldades de controlo era, na década de 70 do Sec XX, e continua a ser um desafio para os médicos e os Serviços de Saúde.

Os estudos epidemiológicos cardiovasculares demonstraram a necessidade (a) de melhorar os serviços de cuidados de saúde comunitários existentes, (b) de os alargar, (c) de os transpor para novos contextos, (d) de iniciar medidas preventivas numa fase precoce da vida e (e) de induzir mudanças a nível da população. Neste sentido, pela necessidade de aplicar um programa comunitário no controlo da hipertensão, a Unidade de Doenças Cardiovasculares da Organização Mundial da Saúde (OMS, Genebra) desenvolveu o Program for the Community Control of Hypertension e deu apoio metodológico e logístico a alguns países para o controlo da HTA, durante cinco anos.

Assim surgiu a oportunidade para Portugal participar num estudo cooperativo internacional sobre a HTA na comunidade, em parte observacional mas também experimental na medida em que foi feita uma intervenção organizada e protocolada dirigida aos hipertensos do Bairro da Musgueira -Lisboa (10.000 habitantes).

A hipertensão Arterial na Comunidade
A hipertensão Arterial na Comunidade
O que podemos aprender da experiência brasileira?

O plano foi condicionado pelos objetivos perante 1) a necessidade de melhorar a abordagem diagnóstica da HTA na comunidade (perfil, repercussão nos orgãos-alvo e controlo), sendo claro que a hipertensão é mais do que um simples problema de pressão arterial elevada (síndrome de alterações metabólicas e cardiovasculares), 2) a evidência, sobretudo na literatura internacional, de que é possível melhorar as estratégias de intervenção sobre a saúde das populações e 3) a oportunidade de por em funcionamento um “Registo de hipertensos” sob a orientação de peritos da OMS.

Em suma, foi dado maior ênfase aos aspetos do diagnóstico epidemiológico (deteção) dos hipertensos e controlo tensional mas também se estudararm complicações frequentes da HTA na prática clínica, como a hipertrofia ventricular esquerda, o acidente vascular cerebral e a mortalidade. Este tipo de eventos registados no seguimento da coorte de hipertensos, entre 1975 e 1992, permitiram identificar outros fatores de risco associados, quer na incidência quer na sua evolução (recorrência e sobrevivência).

A intervenção comunitária com monitorização e vigilância/seguimento regular de hipertensos (coorte), experiência pioneira no nosso País de um Registo de hipertensos de base populacional, demonstrou-se exequível e útil, com contributos importantes em diversas áreas de interesse da epidemiologia e da prática clínica (epidemiologia clínica): etiologia (causalidade/risco), diagnóstico, tratamento, prognóstico e prevenção (primária e secundária).