Lino Gonçalves

Cardiologista

Naturalidade: 
Loulé, Portugal

Local De Trabalho:
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, EPE

Desde janeiro de 1997, até ao final de dezembro de 1998, estive a trabalhar no National Institutes of Health (NIH), em particular no National Heart Lung and Blood Institute (NHLBI), no Cardiology Branch, na altura dirigido pelo Dr. Stephan Epstein. Neste Serviço tive o privilégio de ter como meu mentor direto o Dr. Ellis Unger, o qual é atualmente Diretor do Office of Drug Evaluation-I na Food & Drug Administration (FDA).

O meu objetivo principal era trabalhar num centro de investigação biomédica de topo mundial e produzir um trabalho inovador de elevada qualidade que servisse de base ao meu doutoramento. Como objetivo secundário tinha o interesse em testar os meus limites num centro onde os recursos financeiros, técnicos e humanos eram virtualmente ilimitados

Durante os dois anos em que estive no NIH trabalhei na Experimental Physiology and Pharmacology Section. Inicialmente sob a supervisão do Dr. Ellis Unger, mas após a sua saída para a FDA, fiquei nos restantes 18 meses da minha estadia, como Coordenador do Laboratório supervisionando um técnico e  um colega cirurgião cardíaco americano. Este laboratório foi criado por uma grande personalidade da Cardiologia atual chamado Eugene Braunwald.

No NIH trabalhei numa área inovadora nessa altura que era a angiogénese terapêutica e neste caso em particular, como forma de tratamento da doença cardíaca isquémica. O Cardiology Branch tinha já experiência nesta área emergente pelo que me foi possível aprender muito e participar em vários projetos, inclusivamente num ensaio clínico pioneiro de fase 1, no qual foi efetuada a administração do FGF-2, em humanos. O meu trabalho de investigação era translacional e utilizou um modelo animal de enfarte  agudo do miocárdio, no qual foi avaliado o papel pró-angiogénico do FGF-2 neste contexto, o que não tinha sido ainda realizado até essa altura. Quando regressei a Portugal, a colaboração com o NIH terminou, mas foi ainda possível fazer, em Coimbra, algum trabalho colaborativo translacional nesta área com o Prof. Henrique Girão, com o Prof. Lino Ferreira e com a Profª Natália António.

As vantagens são sobretudo em termos de organização e de recursos técnicos e financeiros de apoio à investigação. A título de exemplo, nessa altura o NHLBI dispunha de cerca de um bilião de dólares para desenvolvimento da investigação. Outra vantagem é que não se perde tempo com coisas desnecessárias, pelo que é possível estar sempre focado no essencial.

No meu entender, as principais diferenças residem no plano da organização do trabalho e na eficiência do sistema. Nos EUA o trabalho é planeado e executado de forma que haja responsabilidades específicas atribuídas a cada um dos elementos da equipa. Assim, é possível simplificar as coisas e facilitar a vida das pessoas aumentando de uma forma significativa a sua produtividade. Como consequência disso, depois do trabalho, as pessoas ficam livres para estar com a sua família e com os seus amigos.

A cardiologia portuguesa, particularmente a clínica, como um todo, não é muito conhecida e o que é conhecido resulta essencialmente de contactos pessoais de cardiologistas portugueses que vão aos EUA ou de colegas americanos que vêm a Portugal. Em relação à nossa formação, eles sabem que nós temos um excelente background de conhecimento e de treino e principalmente um excelente desempenho clínico. Por isso, temos vários casos de sucesso de cardiologistas portugueses que estão a trabalhar em lugares de muito destaque nos EUA

A SPC é útil para nos manter a par das principais notícias e atividades da cardiologia Portuguesa e servir potencialmente de ponte para o estabelecimento de colaborações entre os centros portugueses e os internacionais.

Continuar a ajudar as gerações mais novas a diferenciarem-se e a cumprirem os seus sonhos. Ao longo dos anos tenho conseguido fazer isso e espero continuar a fazê-lo para o futuro. Isto é muito importante pois os jovens colegas são o futuro da Cardiologia Portuguesa

Tinha saudades da família, dos amigos e da nossa cultura de convívio social. O meu regresso teve vários objetivos. Em primeiro lugar, continuar a evoluir na minha carreira académica, clínica e de investigação. Em segundo lugar, assumi o desafio pessoal de provar que é possível ter sucesso a nível nacional e internacional, mesmo estando a viver e a trabalhar em Portugal. Finalmente, também tinha como objetivo ajudar os colegas mais jovens a chegar mais longe do que eu tinha chegado.  Olhando para trás (e para o meu currículo), acho que cumpri todos esses objetivos.

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