Luís Lopes

Cardiologista em doenças cardíacas

hereditárias e ressonância cardíaca

Naturalidade: 

Porto, Portugal

 

Local De Trabalho:

Bristol Royal Hospital for Children

Desde Setembro de 2016, portanto há quase cinco anos.

Sempre tive o objetivo de aliar a investigação à prática clínica e contribuir para a geração de novo conhecimento. Em Outubro de 2010 fui admitido no Programa Doutoral de Formação Médica Avançada (PFNA) da Gulbenkian, o que me deu a oportunidade de fazer um PhD full-time na University College London, principalmente focado em Genética e Miocardiopatia Hipertrófica. Estive nessa altura em Londres até 2013 e tomei contacto com. uma realidade de trabalho clinico e oportunidades de investigação muito diferentes do que existe/existia em Portugal. Após 3 anos como cardiologista no Hospital Garcia de Orta, onde tinha feito o Internato concluído em 2009, surgiu a oportunidade de concorrer a um lugar de Consultant Cardiologist no recém (re)formado St. Bartholomew’s Hospital/Barts Heart Centre em 2016, em dedicação exclusiva às minhas áreas de diferenciação e com tempo protegido para investigação (inicialmente 20%). Tendo sido bem sucedido na entrevista, tratou-se de uma oportunidade muito difícil de recusar, até porque me permitiria continuar a desenvolver alguns dos projetos que tinha iniciado anos antes. O Barts Heart Centre é o maior centro cardiovascular europeu e tanto a unidade de doenças cardíacas hereditárias como de ressonância cardíaca são dos maiores e mais conceituados centros mundiais.

– St. Bartholomew’s Hospital, Barts Heart Centre, como Consultant Cardiologist em doenças cardíacas hereditárias e ressonância cardíaca.

– Centre for Heart Muscle Diseases, Institute of Cardiovascular Science, University College London (UCL), como Honorary Associate Professor.

Em 2019 ganhei uma bolsa do Medical Research Council UK (Clinical Academic Partnership Award) com um projeto que me permite dedicar 50% do horário à investigação clínica. Como tal, grande parte da minha actividade de investigação é dedicada a esse projeto, que junta genética e imagem e que tem como objetivo principal dissecar as possíveis causas de miocardiopatia hipertrófica em doentes que têm um estudo genético “negativo” (ou seja nos quais não se sabe qual a causa desta doença). A miocardiopatia hipertrófica é considerada a doença cardíaca genética mais comum (1/500 indivíduos da população) e é uma causa importante de morte súbita e de insuficiência cardíaca. Desenvolvo também trabalho de investigação noutras áreas, por exemplo: papel da ressonância magnética cardíaca (RMC) na estratificação de risco arrítmico nas várias miocardiopatias (dilatada, arritmogénica, hipertrófica) e esclarecimento de causas genética e relações entre genótipo e fenótipo nas várias miocardiopatias. Ainda do ponto de vista académico, estou neste momento a orientar dois alunos de doutoramento na UCL, um deles como orientador principal. A minha atividade clínica divide-se entre consulta e enfermaria de doentes com miocardiopatias hereditárias e inflamatórias e a ressonância cardíaca.

Na perspectiva clínica, a possibilidade dos cardiologistas terem horários e dedicações diferenciadas consoante o percurso formativo e a expertise pessoal (exemplo: nem todos têm que fazer obrigatoriamente 12 a 24h de Urgência semanais) é muito interessante e motivador. As pessoas são contratadas para um papel/objetivos especificos, que são avaliados (appraised) anualmente. O nível de organização é diferente, o que permite maior tempo dedicado a cada consulta, para comunicar com os médicos de família de cada doente, etc. Também é muito motivador ser visto como uma vantagem para as instituições hospitalares (e para o NHS em geral) poder haver tempo dedicado para investigação.

Do lado da investigação/académico, é um privilégio trabalhar e investigar numa Universidade com muitos recursos e grupos de investigação de excelência, classificada no top 10 dos rankings mundiais. Finalmente, Londres é uma cidade muito entusiasmante, com uma oferta cultural e artística  e uma vitalidade excepcionais.

Existe conhecimento individual do trabalho de colegas que com grande mérito têm ocupado lugares de destaque em sociedades cardiológicas internacionais (principalmente dentro da “família” ESC) mas penso que não tanto de centros específicos. Devo comentar que os fellows/internos portugueses que têm estagiado aqui no Barts contribuem muito para deixar uma imagem muito positiva da Cardiologia nacional, sem excepções, quer em estágios mais curtos como mais prolongados.

Tenho permanecido sempre em contacto com a SPC, principalmente através de apresentação de palestras no CPC e das atividades do GE de doenças do miocárdio e do pericárdio (que coordenei entre 2013 – 2017). Essa possibilidade de manter a ligação que a SPC permite através de participação em encontros nacionais e projetos específicos é muito importante para quem trabalha no estrangeiro. Um dos aspectos que poderia ser pensado para o futuro seria a utilização/organização mais formal de uma rede de cardiologistas a trabalhar no estrangeiro como ponto de contacto e supervisão/mentorship para estágios opcionais de internos. Desde 2016, orientei diretamente 6 internos/as portugueses e trabalhei de perto com outros 4; quase todos têm trabalhos publicados na sequência dos estágios.

Tenho a ambição de encaminhar a minha investigação para dois aspetos. Por um lado aliar as possibilidade da machine learning à genética e à imagem para construção de modelos de predição prognóstica mais precisa. Por outro lado, quero trabalhar na implementação de terapêuticas personalizadas (incluindo genéticas) que começam a passar do lado de investigação básica para a prática clínica.

Em relação às pontes com Portugal, pretendo manter a ligação estreita quer à SPC, quer à minha “casa” académica portuguesa, a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

Fora da profissão, da família e dos amigos, claro. E da qualidade de vida inerente aos nossos recursos naturais, comida, clima….No plano profissional, da facilidade que é a comunicação com colegas e doentes na mesma língua (e com a mesma cultura) – por melhor que se torne o domínio de uma segunda língua e a compreensão de certas diferenças culturais, nunca é tão fácil.

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