Patrícia Caldas

Cardiologista, Ecocardiografia Avançada

Naturalidade: 

Penafiel, Portugal

Local De Trabalho:

Universidade de Harvard (HMS) e Brigham and Women’s Hospita

Estou a trabalhar em Boston, Massachusetts há 8 anos.

Sai de Portugal com o objectivo de desenvolver competências pessoais e profissionais. Na data, desenvolvia uma carreira acadêmica e no âmbito de uma bolsa de desenvolvimento de carreira financiada pela Fundação da Ciência e Tecnologia, tive oportunidade de vir trabalhar para a Universidade de Harvard (HMS) e Brigham and Women’s Hospital, onde desenvolvi projectos de investigação em imagem cardiovascular e epidemiologia em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

Apos tres anos de trabalho na HMS, há 5 anos iniciei funções na Philips, onde presentemente sou Chief Medical Officer, Precision Diagnosis. Tenho responsabilidade de liderança médica para um dos quatro clusters da empresa, o cluster the Precision Diagnosis. Este cluster incorpora várias categorias de imagem diagnóstica: Ressonância Magnética, Tomografia Computadorizada, Imagem Molecular, Raio X, Ultrassom e também Informática e Soluções para Oncologia.

Os projectos são múltiplos e as minhas responsabilidades atuais abrangem várias áreas da medicina, nomeadamente Cardiologia, Oncologia, Neurologia, Radiologia e Genética, mas o foco é na oportunidade de trazer soluções que proporcionem melhores outcomes para os doentes, melhor experiência para os profissionais de saúde e utentes, a menor custo a nível global. Para tal estou envolvida em projectos de telemedicina, inteligência artificial em diagnóstico e otimização de dados para melhoria da performance clínica.

Uma das principais vantagens é a multiculturalidade, isso permite uma diversidade de conhecimento e de opiniões que fortalece o conhecimento. 

O valor do conhecimento de cada um é completamente respeitado independentemente da sua origem. A zona de Boston é altamente científica, logo torna-se um hub de oportunidades para parcerias de sucesso a nível académico e com a indústria farmacêutica e de software e dispositivos médicos.

A nível da cultura de trabalho a principal diferença relaciona-se com a forma profissionalizada com que a investigação médica é realizada. Há um rigor extremo sem lugar a improviso e com tempo dedicado ao trabalho de forma a garantir qualidade. Ao nível de atividade médica as diferenças são múltiplas, sobretudo pela pressão dos custos e necessidade de aprovação pelas seguradoras. A relação médico-doente é penalizada por isso.

Nos Estados Unidos, pela minha percepção é que a Cardiologia Nacional é vista com grande respeito, que se deve em grande parte à performance extraordinária que os portugueses têm quando visitam ou trabalham em alguma instituição internacional. A forma como os portugueses interagem e criam laços afetivos é marcante e associada ao respeito intelectual.

A SPC pode ajudar a manter a ligação à nossa família alargada que são os colegas de trabalho que deixamos em Portugal. Pode contribuir para propagar os dilemas, desafios e conquistas nacionais para que possamos divulgar ou colaborar na procura de soluções a nível internacional.

Os planos são contribuir de uma forma efetiva para a melhoria da qualidade da medicina a nível global, particularmente na área da Cardiologia Oncologia, maximizando a oportunidade de digitalização de tarefas, otimizando informação, reduzindo erro medico e trazendo de volta a qualidade na relação médico doente.

As saudades são imensas! Da família logicamente, dos amigos, dos colegas, da comida, da cultura, do nosso comércio, enfim do País! Antes da pandemia viajava muito frequentemente e as saudades culmatavam-se mais facilmente. O último ano foi difícil pois as saudades acumularam. A ideia de regressar está sempre presente para um futuro ainda indeterminado. No futuro próximo gostaria de regressar às minhas visitas frequentes que permitem maiores alianças de trabalho e ligação contínua à família, colegas e amigos.

Gostaria de partilhar o meu orgulho em pertencer a Sociedade Portuguesa de Cardiologia e agradecer todas as oportunidades que me foram proporcionadas. A cardiologia portuguesa presta um serviço clínico extraordinário. Gostaria de deixar uma mensagem de incentivo para a profissionalização da investigação em Portugal de forma a reter talento e disseminar o nosso contributo internacionalmente.

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