Juan Marques

Cardiologia (sub-especialidade: 

cardiologia tropical)

Naturalidade: 

Caracas, Venezuela

Local De Trabalho:

Sección de Cardiología Experimental, Instituto de Medicina Tropical, UCV.

Diretor médico Latinoamericano ORGANON

Antes de nada, muito obrigado pelo convite. No meu caso eu formei-me como médico e depois como cardiologista na Universidade Central da Venezuela.

Os meus pais emigraram no fim dos anos 50. O que sempre tenho mantido é o contato com Portugal. No ano 2003 fundamos a Associação de Médicos Luso Venezuelanos, que ainda hoje é a maior organização de médicos luso descendentes fora de Portugal. A partir do ano 2008 iniciamos um programa de intercambio científico com a Sociedade Portuguesa de Cardiologia que esteve ativo até o ano 2014, depois dada a situação complicada da Venezuela não tem sido possível manter o intercâmbio de maneira regular.

Trabalhei até o ano 2013 de maneira presencial na secção de Cardiologia Experimental do Instituto de Medicina Tropical da Universidade Central da Venezuela. Por razoes pessoais migramos numa segunda fase para o Mexico onde agora estou a trabalhar como Diretor Médico da Organon para a América Latina, mas continuo com o trabalho académico, já agora num formato virtual.

A nossa área principal de investigação tem sido a doença de Chagas. Neste momento focados na fase aguda da doença, e nos processos imunológicos que se desprendem desta fase. Uma outra área de investigação que tem vindo a ser cada vez mais importante é o impacto do dengue, Zica e Chikungunya no coração.

Trabalhar na Venezuela foi uma experiencia fantástica, mas as condições do país têm-se vindo a deteriorar de maneira significativa, pelo que agora o que tentamos fazer é desenvolver projetos colaborativos com outros centros de investigação no mundo.

Neste momento as diferenças são muitas, e não é justo comparar um país numa profunda crise econômica e social com um país da Europa.

A cardiologia Portuguesa está sem dúvida num momento fantástico, não só por aquilo que se desenvolve e se investiga em Portugal, mas ainda, pela projeção que a cardiologia Portuguesa está a ter no mundo e que fica de manifesto pela presença nas diferentes sociedades cientificas internacionais como a Sociedade Europeia de Cardiologia ou a Federação Mundial.

Promover o intercâmbio científico é sem dúvida uma oportunidade que não se deve perder. Penso que as análises e a investigação na área da cardiologia clínica nas nossas comunidades no mundo é também uma grande oportunidade, porque os nossos imigrantes tem condições sociais e de alimentação que não são uma replica exata da que se tem em Portugal.

Vamos continuar a desenvolver a nossa investigação na fase imunológica da doença de Chagas, assim como o análises das viroses “tropicais” e as consequências no sistema cardiovascular.

Sempre a família tem sido não só um ponto de referência, mas sim um ponto de saudade.
A possibilidade de trabalhar desde Portugal, acho que agora passa a ser uma opção real que esta crise do COVID tem vindo a pôr de manifesto.

Eu iria ressaltar a importância de manter os laços, e os programas de intercâmbio, não só com os cardiologistas formados em Portugal, que hoje trabalham fora, mas também com os cardiologistas lusodescendentes que estão espalhados por esse mundo fora, que hoje já alguns são segunda ou terceira geração e que precisamos de que eles sintam a conexão com o país de origem.

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