Ricardo Oliveira

Cardiologia e Arritmologia

Naturalidade: 

Lisboa, Portugal

 

Local De Trabalho:

Polyclinique du Parc et Centre Hospitalier – Maubeuge.

Eu emigrei com a minha família em 2014 pelo que já faz 7 anos.

Os meus motivos foram principalmente económicos, Portugal passou por momentos difíceis a partir de 2011 e eu como recém especialista desde 2009, senti bem na pele, as restrições. Eu era Assistente hospitalar a 35 horas com bancos/ urgências regulares 1-2/ por semana e tinha de a complementar essa actividade com alguma privada e urgências noutros Hospitais. No entanto, com todos os impostos e cortes fiscais, o rendimento final de toda esta actividade limitava-se a colmatar precariamente as nossas necessidades familiares imediatas. 

O outro factor muito importante e deveras revelador, mesmo chocante, foi ver colegas mais velhos, extremamente desiludidos e revoltados com o SNS e muitos deles a levar a mesma vida que eu, depois dos 50 anos, algo que eu não queria fazer…

Fiquei também desiludido com a actividade privada principalmente nas grandes instituições e a grande arbitrariedade como ela é gerida e como os profissionais são tratados.

Desde que estou na Bélgica, já passei por 2 hospitais como Assistente hospitalar, embora aqui a realidade é muito diferente. O meu estatuto é de Consultor, pelo que era responsável pelo o ambulatório, consultas externas exames e procedimentos, mas a actividade de internamento e urgência é principalmente, gerida por internos/ assistentes com a nossa orientação. Como Consultor, a nossa actividade concentra-se no ambulatório e na realização das técnicas. As urgências são geridas pelos internos/ assistentes e nós estamos de chamada em caso de alguma dificuldade.

No entanto, não me consegui adaptar a este regime, principalmente por querer implantar algumas das boas práticas que nós temos em Portugal por trabalharmos em equipa. Nessa tentativa fruste, tive vários atritos com as chefias e com os regimes estabelecidos. Para um estrangeiro, é difícil ser respeitado e ter realmente a sua autonomia. Pelo que este ano, decidi me tornar totalmente independente e trabalho como liberal em diferentes clinicas.

Eu faço parte de uma Mutualista de Cardiologistas, é um projecto interessante e que funciona muito bem, pois somos cerca de 50 cardiologistas, incluindo cardiologistas pediátricos e angiologistas- fazem apenas exames ecocardiograficos periféricos – a trabalhar em diversas clínicas no norte de França. Dado o nosso volume, tenho agora a autonomia que sempre desejei.

Trabalho em 3 clínicas diferentes e no Hospital. Faço a actividade de Cardiologista general e todas as técnicas e sou consultor de Arritmologia e faço as implantações de pacemakers no Hospital.

A grande vantagem é poder trabalhar como liberal e ter uma remuneração adequada. Poder organizar o seu tempo e actividade seguindo os nossos objectivos; e consoante as capacidades e competências de cada um, é possível desenvolver uma actividade produtiva.

O facto de estar na Bélgica ajudou, pois estar no centro da Europa possibilitou me ter formações importantes em Londres e na Holanda.

A grande diferença é que um assistente hospitalar na Bélgica ou na França é visto como um Consultor. Pelo que a actividade é logo muito dirigida para as nossas competências particulares, as nossas mais valias, a formação é muito respeitada. Visto que a diferenciação aqui é muito valorizada, e é fácil conseguir estágios e formações em centros de grande reputação, pois tudo está tão perto.

O facto de não fazer urgências nem internamento, é algo determinante. É ainda possível fazer uma actividade privada longe dos grandes grupos económicos pois isso ainda não existe aqui e os doentes são muito fiéis ao seu médico

Infelizmente, a cardiologia portuguesa é injustamente, desconhecida. È inexistente.

Há muito para fazer!

Mas felizmente a SPC tem todas as capacidades necessárias. 

E eu sei que tem pessoas capazes O importante será fornecer um enquadramento.

É fundamental seguir as acreditações da ESC que são muito valorizadas na Holanda, Alemanha e na Inglaterra.

A SPC e os seus membros devem desenvolver laços de colaboração com instituições reputadas europeias para permitir o intercâmbio fácil de profissionais.

Neste momento, estou a consolidar a minha actividade em 2 clínicas em França e 1 na Bélgica. Gostaria de estabelecer uma Clinica de Estimulação Cardiaca Avançada para os doentes e desenvolver a estimulação cardíaca fisiológica. Construir uma nova unidade de Eletrofisiologia no norte da França. Estabeler protocolos para doentes para crioablation vs Electroporation FA.

Sem dúvida dos amigos! Esses nunca voltam atrás.

Adoraria regressar!

Não há dúvida que Portugal e os Portugueses são um País e um povo maravilhoso.

Agora aprendi a dar valor a tudo o que dantes tomava como adquirido, pelo que, sem hesitação, regresso.

È fundamental preservar as “Escolas”!- Investir nos resistentes!

O SNS terá de ser reabilitado para haver profissionais competentes e respeitados!

A SPC tem de fazer todos os esforços para criar unidades de excelência de cuidados cardiovasculares.

Em todas as regiões…Norte, Centro, Lisboa, Alentejo e Algarve.

Temos de ter profissionais e centros com competência com projecção Internacional.

Acho que a SPC deveria falar com o colégio de forma a permitir 1 ano de formação – não obrigatorio – no estrangeiro mas reconhecido e apoiado pela SPC.

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