Cardiologistas Portugueses pelo mundo

Cardiologistas Portugueses
pelo mundo

Cardiologistas Portugueses pelo mundo
Francisco Alpendurada
Cardiologista com a especialidade em Ressonância Magnética Cardiovascular
Naturalidade:
Porto, Portugal
Local de trabalho:
Royal Brompton Hospital, Londres
1. Há quanto tempo está a trabalhar no estrangeiro?

Há cerca de 15 anos.

2. Motivo pelo qual saiu do país?

Especialista na Unidade de Ressonância Magnética Cardiovascular do Royal Brompton Hospital em Londres.

3. Local de trabalho e funções?

Após concluir o internato, decidi fazer uma subespecialização em Ressonância Magnética por um ano. Durante o estágio o meu director convidou-me para ficar. Foi uma decisão difícil mas no final optei por permanecer numa Unidade dinâmica e em expansão em vez de voltar a Portugal onde já se via sinais de desinvestimento mesmo antes da crise financeira de 2007-2008.

4. Principais projetos atuais?

Estou envolvido no novo centro diagnóstico (investimento de €50M) que irá combinar Eco, TAC e RM no mesmo edifício. Teremos dois novos aparelhos 1.5T e um 3T topo de gama a juntar ao 3T que temos para investigação, e iremos manter um dos três 1.5T antigos para listas de espera e exames não-cardiacos. Esta reorganização é logisticamente bastante complexa, e o meu papel é assegurar que a transição occorra sem sobressaltos quando a nova Unidade abrir no final de Fevereiro.

5. Vantagens de trabalhar nesse país?

Os médicos no Reino Unido são mais respeitados do que em Portugal, têm melhores condições de trabalho e têm mais influência no planeamento e organização dos serviços hospitalares.

6. Principais diferenças com Portugal?

Os hospitais no Reino Unido têm maior autonomia financeira. Grande parte do orçamento provém do número de diagnósticos e procedimentos efectuados, valorizando os hospitais mais eficientes. É possível estabelecer parcerias com indústria e academia; é também possível fazer actividade privada em hospitais públicos. Todos estes recursos e receitas adicionais permitem contratar pessoal e atrair médicos de renome, investir em infraestruturas e equipamento, criar novos serviços, e estar na vanguarda das inovações a nível cardiovascular.

7. Como é vista a cardiologia nacional lá fora?

Não temos muita projecção internacional por sermos um país relativamente pequeno na periferia da Europa. A visibilidade que temos advém das posições em sociedades internacionais como a Sociedade Europeia de Cardiologia. Se quisermos aumentar a nossa visibilidade, teremos que publicar mais artigos em revistas com factor de impacto elevado.

8. De que forma a SPC pode ser útil para quem trabalha no estrangeiro?

Agradeço à SPC por contactar associados que estão no estrangeiro. Poderá ser bastante útil criar redes de comunicação entre médicos no mesmo país para partilhar experiências e ajudar a progredir nas suas carreiras. Uma rede de contactos com Portugal poderá facilitar estágios no estrangeiro de internos em formação.

9. Objetivos/planos futuros?

Fui promovido recentemente a director adjunto, tendo um papel mais relevante na gestão e estratégia do Departamento. Adicionalmente, vou começar a trabalhar para a Cleveland Clinic que está a abrir um centro em Londres. Estou impressionado com a cultura e profissionalismo e será uma parceria muito estimulante.

10. Do que tem mais saudades de Portugal? Considera a possibilidade de regressar?

Da família e dos amigos, do sol e da qualidade de vida. Sim, considero regressar a médio prazo por motivos familiares. Entretanto, vou mantendo algum contacto com Portugal relatando ressonâncias magnéticas à distância na Casa de Saúde da Boavista/Unilabs Porto com o apoio dos colegas da Cardiologia.

11. Alguma ideia ou mensagem que gostasse de deixar à cardiologia portuguesa?

Da experiência que tenho com médicos de dezenas de países diferentes, posso dizer que somos extremamente competentes do ponto de vista clínico. É um prazer e um privilégio fazer parte da comunidade cardiológica nacional.

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