É com um profundo sentido de responsabilidade e compromisso que assumo a presidência da Sociedade Portuguesa de Cardiologia para o biénio 2025-2027. É, igualmente, com enorme orgulho que assumo este desafio como a primeira mulher a presidir à nossa Sociedade em 75 anos de história. Esta responsabilidade reforça o meu empenho na promoção da diversidade e da inclusão na Medicina Cardiovascular.

Ao longo destas sete décadas e meia, a SPC tem sido uma referência incontornável na promoção da saúde cardiovascular em Portugal e na defesa da excelência na prática clínica, na formação médica e na investigação científica.

Vivemos um momento desafiante para a Medicina Cardiovascular. A transformação do sistema de saúde, com desequilíbrios no acesso e na equidade, obriga-nos a repensar os modelos organizativos e a reforçar o papel da SPC como entidade técnica, científica e ética, independente e mobilizadora. Neste mandato, propomos um programa assente em cinco eixos estratégicos:

Conhecimento da Realidade da Cardiologia Nacional – Iniciaremos um levantamento nacional abrangente da constituição e diferenciação dos serviços de Cardiologia, com o objetivo de conhecer a capacidade instalada, promover a equidade no acesso e garantir segurança e qualidade nos cuidados prestados.

Desenvolvimento e Monitorização de Indicadores de Qualidade – Daremos continuidade ao trabalho das direções anteriores, implementando um programa nacional de benchmarking que permita identificar boas práticas, áreas de melhoria e que posicione a SPC como parceira ativa dos serviços e das autoridades de saúde.

Educação em Cardiologia – Reforçaremos a formação médica contínua, expandindo a Academia Cardiovascular, e abriremos novas áreas de colaboração com outros profissionais de saúde. Queremos aproximar a Cardiologia de outras especialidades médicas e profissionais de saúde não médicos, promovendo uma abordagem mais integrada da saúde cardiovascular.

Geração de Evidência e Investigação – Consolidaremos a experiência dos últimos anos com projetos como o estudo PORTHOS e avançaremos com a criação da CARE-PT, uma estrutura profissional de investigação capaz de desenhar e coordenar estudos multicêntricos e pragmáticos, colocando a SPC no centro da investigação cardiovascular nacional.

Envolvimento com a Comunidade – A SPC será cada vez mais uma sociedade aberta, próxima das pessoas, empenhada em promover literacia em saúde, combater a desinformação e criar pontes entre doentes, profissionais e decisores. Pretendemos desenvolver uma plataforma participativa para envolver diretamente cidadãos e doentes nas nossas atividades de investigação e educação. Acreditamos também que uma cidadania informada é parte essencial da prevenção, e por isso apostaremos na formação da comunidade e no envolvimento com associações de doentes.

A SPC será, neste biénio, uma sociedade de conhecimento: conhecedora da realidade, geradora de evidência e promotora de melhoria contínua. Com o contributo de todos — associados, grupos de trabalho, associações e parceiros — construiremos uma Cardiologia mais coesa, mais forte e centrada nas pessoas.

Conto convosco.

Cristina Gavina

Presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia Biénio 2025–2027