
Cardiologistas Portugueses
pelo mundo

Francisca Caetano
Cardiologia e Medicina Intensiva
Naturalidade:
Coimbra, Portugal
Local de trabalho:
Hospital Royal Brompton
1. Há quanto tempo está a trabalhar no estrangeiro?
Eu vim para Inglaterra trabalhar em Outubro de 2014. Já lá vão quase 7 anos.
2. Motivo pelo qual saiu do país?
Durante o último ano da especialidade em Cardiologia (2013), eu fiz o meu estágio opcional no Serviço de Cuidados Intensivos Cardio-Toracicos do Hospital Royal Brompton. Aqui, a semente de querer especializar-me também em cuidados intensivos consolidou-se. Com o apoio e orientação da Professora Susana Price regressei um ano mais tarde, como Junior Clinical Fellow, em Cuidados Intensivos Cardio-Toracicos, em Harefield.
Desde então, especializei-me em cuidados intensivos, com um interesse especial em cuidados intensivos cardíacos, ecocardiografia, insuficiência cardíaca avançada e dispositivos de assistência ventricular.
3. Local de trabalho e funções?
Atualmente trabalho como Consultant no Serviço de Cuidados Intensivos Cardio-Toracicos dos Hospitais Royal Brompton e Harefield. A maior parte da minha atividade clínica é desenvolvida na unidade de cuidados intensivos. Como um hospital de referenciação nacional, a maior parte dos nossos doentes requerem algum tipo de suporte mecânico respiratório (ECMO-VV) e/ou circulatório (ECMO-VA, Impella, etc).
Em Harefield fazemos transplantação cardíaca e pulmonar, e implantação de dispositivos de assistência ventricular. Faço também parte da equipa de ECMO-VV, estando envolvida no processo de referenciação, seleção, canulação e transferência de doentes para o nosso hospital. Paralelamente á atividade clínica, sou vice-diretora do serviço de ECMO, faço parte do serviço de Ecocardiografia nos Cuidados Intensivos, Cirurgia Cardíaca e Cardiologia de Intervenção e sou também supervisora clínica de internos.
4. Principais projetos atuais?
Um dos principais projetos, liderado pela Professora Susana Price, é o desenvolvimento de um serviço semelhante ao que o Reino Unido já dispõe para ECMO-VV, mas para doentes em choque cardiogénico. Este serviço envolverá a criação de um sistema de referenciação, seleção e transferência de doentes para hospitais terciários, como o Brompton e Harefield.
Espero também poder desenvolver projetos de investigação a nível nacional, em áreas pouco exploradas, como choque cardiogénico, insuficiência cardíaca direita e suporte mecânico circulatório.
5. Vantagens de trabalhar nesse país?
Trabalhar num sistema que se baseia em meritocracia. O nosso trabalho e esforço são reconhecidos e as oportunidades aparecem. Fazer parte de uma equipa de pessoas com reconhecido valor internacional, onde a aprendizagem é uma constante. Ter a oportunidade de trabalhar num dos maiores hospitais Europeus e que se dedica exclusivamente ao tratamento de doenças cardíacas e respiratórias.
6. Principais diferenças com Portugal?
Como disse, eu já sai de Portugal há quase 7 anos e imagino que a realidade atual seja bem diferente da que deixei. Quando vim para Inglaterra, as principais diferenças que notei foram em termos de organização, estrutura e protocolização. É verdade que a capacidade de desenrascar do português é reconhecida aqui, mas faz-se um esforço para que esse trunfo não tenha que ser usado frequentemente. Penso que a diversidade cultural, com equipas de trabalho e hospitais que são pequenas “Torres de Babel”, são diferenças que ainda hoje existem.
7. Como é vista a cardiologia nacional lá fora?
Eu penso que esta iniciativa da SPC é um primeiro passo para nos fazer sentir um pouco mais perto de casa. Sentir que, apesar de longe, ainda pertencemos. Apenas posso encorajar mais iniciativas como esta.
8. Objetivos/planos futuros?
Continuar a fazer o que me faz feliz, manter esta sede de aprender e esta agilidade de adaptar os meus planos as variáveis que não controlamos.
9. Do que tem mais saudades de Portugal? Considera a possibilidade de regressar?
Da família.
Do Serviço de Cardiologia dos Covões – que família boa para se crescer.
Considerar…sempre!