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Embolia Pulmonar

Registo regional de Embolia Pulmonar – SPC/SPMI

A Embolia Pulmonar (EP) aguda é a apresentação clínica mais grave do Tromboembolismo Venoso (TEV) e uma das principais causas de mortalidade cardiovascular, ultrapassada apenas pelo acidente vascular cerebral e pelo enfarte agudo do miocárdio 1.

A EP tem uma taxa de incidência anual de 39-115 por 100.000 habitantes, com tendência crescente, especialmente em indivíduos com mais de 80 anos 1.

Nos Estados Unidos, a EP é responsável por ~300 000 mortes e na Europa um modelo estatístico, que inclui dados de seis países, estima cerca de 370.000 mortes relacionadas ao TEV. Apesar desses números, parece existir uma tendência para a redução da mortalidade, para a qual contribuíram a melhoria dos algoritmos de diagnóstico e tratamento, angiotomografia computadorizada de alta resolução e o impacto dos trombolíticos e das heparinas de baixo peso molecular 1,2.

O prognóstico destes doentes depende não apenas do diagnóstico precoce, mas também da presença de fatores de risco para recorrência, ocorrência de eventos hemorrágicos no contexto do tratamento com fármacos hipocoagulantes e progressão para doença tromboembólica crónica (DTC) ,com ou sem hipertensão ou morte3.  A recorrência do TEV a 10 anos é cerca de 30% 4,5. Preditores independentes de recorrência incluem o aumento da idade do doente, índice de massa corporal, sexo masculino, doença oncológica ativa, TEV não provocado e presença de doenças protrombóticas 5. A taxa de mortalidade a um ano está a diminuir, mas permanece elevada. Um estudo recente com 710 doentes relata uma taxa de mortalidade a um ano de 16,6% em doentes sem cancro e 62,0% em doentes com cancro 4. A hipertensão pulmonar tromboembólica crónica (HPTEC) é a complicação crónica mais grave da DTC e ocorre em 2-4% dos doentes após EP aguda 6. Numa metanalise a incidência de HPTEC foi de 0,56% em todos os doentes com EP sintomática e ∼3% naqueles que estavam vivos, após um período de tratamento inicial de 6 meses de tratamento 7.

Em Portugal, pouco se sabe sobre a epidemiologia da EP e os seus outcomes, incluindo complicações como DTC. O único estudo epidemiológico disponível foi publicado em 2016 e analisou 35 200 episódios de internamento com diagnóstico de EP 8. Entre 2003 e 2013, o número anual de episódios aumentou de forma constante e a taxa de incidência estimada em 2013 foi de 35/100.000 habitantes (≥ 18 anos), sendo acompanhada por uma diminuição da taxa de mortalidade hospitalar (de 31,8% para 17% em todos os casos e de 25% para 11,2% quando a EP foi o principal diagnóstico) 8.

O principal objetivo deste estudo é, portanto, compreender a epidemiologia da EP e as suas complicações. Esta informação irá permitir conhecimento da nossa realidade e contribuir para a organização de uma rede de cuidados de saúde estruturada, que pode potencialmente beneficiar todos os doentes com EP.

 

Referências Bibliográficas

1.Konstantinides SV et al. 2019 ESC Guidelines for the diagnosis and management of acute pulmonary embolism developed in collaboration with the European Respiratory Society (ERS). The Task Force for the diagnosis and management of acute pulmonary embolism of the European Society of Cardiology (ESC). European Heart Journal. 2020. 41, 5436-03

2.Konstantinides SV et al. Management of Pulmonary Embolism: An Update. J Am Coll Cardiol. 2016;67(8):976-90.

3.Sista A K, Klok FA. Late outcomes of pulmonary embolism: The post-PE syndrome. Thromb Res. 2018; 164:157-162.

4.Arshad et al. Recurrence and mortality after first venous thromboembolism in a large population-based cohort. J Thromb Haemost. 2017; 15(2):295-303.

5.Heit JA et al. The epidemiology of venous thromboembolism. J Thromb Thrombolysis. 2016;41(1):3-14.

6.Samuel Z Goldhaber SZ. Venous thromboembolism: epidemiology and magnitude of the problem. Best Pract Res Clin Haematol. 2012 (3):235-42.

7.Yvonne M Ende-Verhaar YM et al. Incidence of chronic thromboembolic pulmonary hypertension after acute pulmonary embolism: a contemporary view of the published literature. Eur Respir J. 2017;49(2):1601792.

8.Gouveia et al. Embolia Pulmonar em Portugal: epidemiologia e mortalidade intrahospitalar. Acta Med Port. 2016. 29 (7-8): 433-440

Registo nacional de Embolia Pulmonar

A Embolia Pulmonar (EP) aguda é a apresentação clínica mais grave do Tromboembolismo Venoso (TEV) e uma das principais causas de mortalidade cardiovascular, ultrapassada apenas pelo acidente vascular cerebral e pelo enfarte agudo do miocárdio 1.

A EP tem uma taxa de incidência anual de 39-115 por 100.000 habitantes, com tendência crescente, especialmente em indivíduos com mais de 80 anos 1.

Nos Estados Unidos, a EP é responsável por ~300 000 mortes e na Europa um modelo estatístico, que inclui dados de seis países, estima cerca de 370.000 mortes relacionadas ao TEV. Apesar desses números, parece existir uma tendência para a redução da mortalidade, para a qual contribuíram a melhoria dos algoritmos de diagnóstico e tratamento, angiotomografia computadorizada de alta resolução e o impacto dos trombolíticos e das heparinas de baixo peso molecular 1,2.

O prognóstico destes doentes depende não apenas do diagnóstico precoce, mas também da presença de fatores de risco para recorrência, ocorrência de eventos hemorrágicos no contexto do tratamento com fármacos hipocoagulantes e progressão para doença tromboembólica crónica (DTC) ,com ou sem hipertensão ou morte3.  A recorrência do TEV a 10 anos é cerca de 30% 4,5. Preditores independentes de recorrência incluem o aumento da idade do doente, índice de massa corporal, sexo masculino, doença oncológica ativa, TEV não provocado e presença de doenças protrombóticas 5. A taxa de mortalidade a um ano está a diminuir, mas permanece elevada. Um estudo recente com 710 doentes relata uma taxa de mortalidade a um ano de 16,6% em doentes sem cancro e 62,0% em doentes com cancro 4. A hipertensão pulmonar tromboembólica crónica (HPTEC) é a complicação crónica mais grave da DTC e ocorre em 2-4% dos doentes após EP aguda 6. Numa metanalise a incidência de HPTEC foi de 0,56% em todos os doentes com EP sintomática e ∼3% naqueles que estavam vivos, após um período de tratamento inicial de 6 meses de tratamento 7.

Em Portugal, pouco se sabe sobre a epidemiologia da EP e os seus outcomes, incluindo complicações como DTC. O único estudo epidemiológico disponível foi publicado em 2016 e analisou 35 200 episódios de internamento com diagnóstico de EP 8. Entre 2003 e 2013, o número anual de episódios aumentou de forma constante e a taxa de incidência estimada em 2013 foi de 35/100.000 habitantes (≥ 18 anos), sendo acompanhada por uma diminuição da taxa de mortalidade hospitalar (de 31,8% para 17% em todos os casos e de 25% para 11,2% quando a EP foi o principal diagnóstico) 8.

O principal objetivo deste estudo é, portanto, compreender a epidemiologia da EP e as suas complicações. Esta informação irá permitir conhecimento da nossa realidade e contribuir para a organização de uma rede de cuidados de saúde estruturada, que pode potencialmente beneficiar todos os doentes com EP.

 

Referências Bibliográficas

1.Konstantinides SV et al. 2019 ESC Guidelines for the diagnosis and management of acute pulmonary embolism developed in collaboration with the European Respiratory Society (ERS). The Task Force for the diagnosis and management of acute pulmonary embolism of the European Society of Cardiology (ESC). European Heart Journal. 2020. 41, 5436-03

2.Konstantinides SV et al. Management of Pulmonary Embolism: An Update. J Am Coll Cardiol. 2016;67(8):976-90.

3.Sista A K, Klok FA. Late outcomes of pulmonary embolism: The post-PE syndrome. Thromb Res. 2018; 164:157-162.

4.Arshad et al. Recurrence and mortality after first venous thromboembolism in a large population-based cohort. J Thromb Haemost. 2017; 15(2):295-303.

5.Heit JA et al. The epidemiology of venous thromboembolism. J Thromb Thrombolysis. 2016;41(1):3-14.

6.Samuel Z Goldhaber SZ. Venous thromboembolism: epidemiology and magnitude of the problem. Best Pract Res Clin Haematol. 2012 (3):235-42.

7.Yvonne M Ende-Verhaar YM et al. Incidence of chronic thromboembolic pulmonary hypertension after acute pulmonary embolism: a contemporary view of the published literature. Eur Respir J. 2017;49(2):1601792.

8.Gouveia et al. Embolia Pulmonar em Portugal: epidemiologia e mortalidade intrahospitalar. Acta Med Port. 2016. 29 (7-8): 433-440

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